tag:blogger.com,1999:blog-69502444862809174022024-03-19T11:24:19.400+00:00a aridez da falsidadePaulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.comBlogger296125tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-69108555635729541662014-04-17T00:24:00.000+00:002014-04-17T00:26:02.862+00:00Acessos mundanosÉ quase sempre assim para Brent. A sua mente não tem ponto de equilíbrio, ora investe, ora desiste. Está numa decisão acalorada com a sua falta de decisões acaloradas onde se inspirar. Tem tudo para ser mais um apaixonado Shakesperiano, mas a sua indubitável e lendária temperatura podal faz com que as próprias cobertas se retraiam. Brent está ofegante e pela primeira vez sente que perdeu o sentido à sua intimidade. Acaba por ter pena dele próprio e retira-se para o conforto do seu comando, que ainda não tem capacidade de mudar o canal cerebral, mas pode com eficácia passar-lhe imagens com rapidez diante dos seus ausentes olhos...Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-10499553384247600742013-03-09T14:24:00.000+00:002013-03-09T16:47:52.403+00:00CorposSabes que falo sempre de rodas dentadas, mas não desta vez.<br />
Agora são corpos de mel biológico,<br />
porque outros seriam hexagonais e difíceis de imaginar.<br />
Apenas um nome diferente para um suor aflito, gravítico.<br />
O mel, o suor das abelhas e do vento.<br />
A vida dos pomares. <br />
A Maçã de Adão, a Maçã de Newton, a Maçã de Arquimedes.<br />
Já reparaste que o fruto mais neutro tem adoradores devotos? <br />
O fruto mais comum auxilia as maiores conquistas.<br />
Mas mesmo assim gosto apenas do mais ácido deles.<br />
E não a como.<br />
Vou de Mãos dadas com as agulhas no palheiro das coisas,<br />
e também com os ponteiros biológicos nas veias da crosta terrestre.<br />
Ergo-me.<br />
Palavra feia.<br />
Ergo-te.<br />
Rapidamente chega o dia novo abraçado à noite anterior,<br />
a dormir em concha com o que já foi. <br />
Escuto o virar da página, encostado ao teu monte de Vénus.<br />
Engulo a tua deliciosa febre, derradeira imagem,<br />
lembrança de um nó górdio que, sonhando múltiplas noites anteriores<br />
acorda de um sobressalto ofegando em mim.<br />
Ainda assim corres comigo.<br />
A maratona da falsidade.<br />
Os cem metros do desejo anónimo.<br />
Os oitocentos metros da demora em permitir àgua potável.<br />
Recorto o teu umbigo em molde picotado. Lembras-te, dessas carteiras da infância<br />
onde nos sentámos a rir tantas vezes.<br />
Tudo parecia demorar.<br />
As coisas eram feitas de carvalho e lá podia rasgar o teu nome.<br />
Em carne de orvalho.<br />
As melhores paredes carnívoras.<br />
Fazias-me beber a espuma dos dias.<br />
Agradeço o gesto cortesia.<br />
Agora já posso desaguar no esgoto da realidade.<br />
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Texto: Paulo Dias <br />
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<br />Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-43221346013994501812013-03-09T13:37:00.000+00:002013-03-09T14:33:05.696+00:00As ruasUma das primeiras impressões que retirei da rua foi, sem surpresas, uma percepção rápida. Não poderia ser de outra maneira. O movimento ondular é semelhante ao oceano turbilhão. Faz com que tudo seja feito à pressa e cola o andar à sobrevivência. Essas primeiras impressões não têm uma segunda oportunidade para nos esclarecer. Repara-se no sofrimento que é ser e pertencer aos outros. Na rua estamos vulneráveis aos variados atropelos que vão surgindo desatentos. Um carro, vários tratores obesos com as mãos ocupadas e a cabeça noutro lado qualquer. Sujeitamo-nos, recebemos os nãos mais duradouros e com isso pretendemos erguer a estrutura que nos permite viver nas ruas e vielas do sentir social. Reparei, com o passar das esquinas e blocos de apartamentos, que a melhor definição de realidade estende-se pelas colinas e quarteirões do desassossego. Os corações amontoados derretem-se uns aos outros e acumulam pavimento. Borbulham no Inverno da vontade e ainda assim são moldáveis. Criei tantas barreiras nos diversos regressos a casa que fui ficando por ali, na janela que dá vista alargada para as ruas mais próximas de mim. Fiz chorar as pedras da calçada com o constante adeus presente nas órbitas e doeu. Doeu tanto que nunca mais quis calçar botas ortopédicas.<br />
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Texto: Paulo Dias Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-60363872476170288832012-06-26T17:39:00.000+00:002012-06-26T23:23:44.955+00:00Brent e o Regresso EnferrujadoBrent parece um ser sadio, em todos os momentos da sua vida quotidiana. Nunca ninguém suspeita de nada, ainda que a sua atmosfera de silêncio seja fértil em situações ambiguas. Nem boreal nem latino, nunca apaixonado nunca frígido, poucas vezes eloquente mas nunca desinspirado. Retirou-se convenientemente, demorou a regressar. Não tinha nada a dizer, nada a apresentar, enredou-se numa trama afetiva da qual ainda não conseguiu escapar. Estes são dias difíceis para Brent, que já não sabe ser um bom fingidor e ainda tem dores intensas das memórias recentes que não desaparecem. Brent está de luto pela sua calma universal e por este motivo sente-se abandonado por todos os movimentos que proclamam a ditadura da vontade como forma de dobrar o tempo, o espaço e as barbas do Criador. Estamos todos com ele, a ferrugem que o cobre é também ela temporária e tem vontade de ser despida por um spray antidotal.Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-34746133788337683852009-04-02T16:40:00.036+00:002009-04-03T01:21:02.017+00:00RuínasOs fortes silenciam a ténue voz da alma<br />e eis que chega alguém<br />com uma muralha bem erguida ao alto<br />em nome da troça e escárnio da minha.<br /><br />Incidência oblíqua no centro deste equador<br />contracção audaz de todos os berros.<br />Húmus frio, parda alergia na sentimental luz.<br /><br />Ferrugem, clara roldana<br />desafio matemático nos biológicos ponteiros<br />de relógio, permanecem lacaias ou agulhas no palheiro<br />das coisas.<br /><br />Definitivamente obsoletas.<br />Deixadas à mingua, impedidas de correr as<br />veias intestinas das outras.<br /><br />E sempre ruínas nuas,<br />marca de grandiosidade apagada,<br />fumam as jazidas de carbono alquímico e<br />sonham febris dias alvos,<br />livres de batalhas imaginadas.<br /><br />Quem por trás dela se esconde<br />alheado, pouco alerta,<br />herda o falsímetro sensacional da liberdade.<br />Os nós cansados procurando abrigo<br />e os elementos...ah! os elementos!<br />Pausam o botão da viagem a fim de se erguerem<br />sãos e rupestres.<br /><br />Comum pensar as ruínas propriedade sem dono...<br />Um habitáculo primitivo onde juntamos os nossos corpos aos cadáveres<br />do inconsciente colectivo e<br />dançamos o paganismo ancestral...<br /><br />Sabendo que toda a estrutura tem um arquitecto<br />que mesmo negligente ou comunitário<br />vela ao longe a sua criatura.<br /><br /><br />Texto: Paulo DiasPaulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-38604862864687701622008-12-24T10:29:00.007+00:002008-12-24T11:23:23.124+00:00O.C.V.D.V.N.I.*A minha mente é um <span style="color: rgb(255, 0, 0);">* </span>com vontade de voar. E enquanto dá à luz mais um <span style="color: rgb(255, 0, 0);">*</span>, inventa um nome para o recém nascido. Um nome que não seja muito literal, que disfarce a evidente muralha que carrega a estrela que pariu. asterisco. Um nome entre <span style="color: rgb(255, 0, 0);">(parêntisis)</span> porque é para se dizer baixinho. Em surdina. Com letras pequenas.<br /><br />A minha mente continua, não obstante, a ser um <span style="color: rgb(255, 0, 0);">*</span> com vontade de levantar vôo. De partida a tempo de ser um dente de leão, saber que é sempre um <span style="color: rgb(255, 0, 0);">+</span> antes de sentir os espinhos. A minha mente é e será sempre um objecto voador com vontade de voar, e por isso, apenas por isso, não identificado.<br /><br /><br />* (<span style="color: rgb(255, 0, 0);">O</span>bjecto <span style="color: rgb(255, 0, 0);">C</span>om <span style="color: rgb(255, 0, 0);">V</span>ontade <span style="color: rgb(255, 0, 0);">D</span>e <span style="color: rgb(255, 0, 0);">V</span>oar <span style="color: rgb(255, 0, 0);">N</span>ão <span style="color: rgb(255, 0, 0);">I</span>dentificado)Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-42812174563291075882008-12-19T13:57:00.003+00:002008-12-19T14:12:54.884+00:00Ciclo VitaeO que é que o dia de hoje tem de tão diferente de todos os outros dias, em que a lentidão acumula o pó das redondezas e eu não passo o pano por cima das impurezas ?<br />Nada, porque o dia de hoje é igual a um de todos os outros, em que concentrei o pó das impurezas e não passei um pano por cima das redondezas.Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-29048298731986057742008-12-09T20:53:00.002+00:002008-12-09T20:55:05.216+00:00Latim e o VaticanoO latim não é uma lingua morta, mas um dialecto que transforma automaticamente quem a fala num zombie.Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-59367708319282014502008-11-20T21:37:00.005+00:002008-11-20T21:44:57.866+00:00Ovo gemido<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikGVVtqne-3N8eitqp80myjcftuCyYUKZZSvystiBhl-GB8yYGAqCwnY4ddLB975QTWWphUc8XzbrOYvDn8D680OCN6tkFOQTsOFLMfq1CVDhB0fofavI1LeOC_sGG_X60F-BKaB4BtW8/s1600-h/ovo_galinha.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 350px; height: 386px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikGVVtqne-3N8eitqp80myjcftuCyYUKZZSvystiBhl-GB8yYGAqCwnY4ddLB975QTWWphUc8XzbrOYvDn8D680OCN6tkFOQTsOFLMfq1CVDhB0fofavI1LeOC_sGG_X60F-BKaB4BtW8/s320/ovo_galinha.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5270858445803240466" border="0" /></a><br />A partir do momento em que se ouve um ovo cozido a gemer baixinho o conceito de vida e morte fica sériamente abalado.<br />Parecia que o futuro pintainho se estava a queixar por não ter tido a oportunidade de ver o planeta em que a sua espécie tem sempre um prazo de validade.<br />Uma gema só pode comunicar através de gemidos, a sua lingua natural.<br />É como eu digo, a loucura tem sempre um método e faz todo o sentido.<br />E a minha está intimamente ligada a momentos senis como este.Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-42285555085739271382008-11-13T14:40:00.004+00:002008-11-13T14:54:27.838+00:00Sopas de letrasTodos os sonhos começam invariavelmente pela degustação de uma sopa de letras. Foi assim que aprendi a sonhar, a criar formas liquidas de entretenimento enquanto alimentava o corpo e a alma. Ao juntar as letras formamos imagens, representamos coisas que estão ausentes e aprendemos pedaços temperados de cultura. As utopias nascem assim, letras que flutuam à deriva e que ainda não têm significado. É isto a utopia, não é um bom lugar e nenhum lugar como dizem, é simplesmente o nascimento do pessimismo que nos permite duvidar da nossa sanidade. É a distância que vai do limite inferior da perseverança vezes o optimismo individual a dividir pela época em que a humnidade vive.<br />A utopia é a morte do sonho na fogueira, é o oniricídio. É semelhante ao imperialismo cultural que guia as nações para guerras de imposição de valores. A utopia quando nasce já está morta.Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-32482993462877692282008-11-10T19:38:00.004+00:002008-11-10T19:53:00.565+00:00Sono pesado" Vamos a correr até lá fora, o som de aspiração mais audível. Chego primeiro, como o rato da boda célebre. Dois carros, melhor, dois veículos que deslizam sem dificuldade, mas instáveis, fazem barulho. Muito barulho. São hoovercrafts, hibrídos, suaves, aspirantes a ex-aspiradores. Sobem e descem colinas urbanas instaladas no quintal verde, um pouco artificais. Sobem e descem. E os meus olhos acompanham os demais. Sentimos o entusiasmo dos corredores. Estão felizes, têm um brinquedo novo e divertem-se. E eu também. Quero estar ali, com eles, gozar, voar sem sair do chão, sorrir, ser voraz sem parecer mal, condenável. Afinal é uma corrida, tem bandeiras de xadrez e pessoas facciosas. Nesse mesmo instante viro-me para o outro lado e estou à beira de uma piscina, numa montanha russa semelhante a todas aquelas onde nunca tive coragem de andar e sou ovacionado pela multidão calorosa. A plataforma ergue-se a uns bons trinta metros de altura e quem cair irá concerteza acordar do seu sono pesado"<br /><br /><br />Texto:"Excerto de um dos sonhos de hoje" de Paulo DiasPaulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-67135086230278680482008-11-07T17:16:00.006+00:002008-11-07T17:25:09.611+00:00Obama, Atlas e PandoraNesta altura empolgante que o mundo vive duas perguntas são obrigatórias: não estarão as expectativas muito altas em relação à capacidade transformadora de Obama e até que ponto é que nós temos consciência do nosso papel enquanto agentes e representantes dessa transformação?<br />O mundo está empolgado, seguramente. Eu também estou. Obama significa, como muitos dizem, uma mudança de paradigma. Significa, como o próprio disse, mudança, uma mudança simples. <br />Mas no fundo o que está em jogo é o mito do atlas. A perseverança de andar com o mundo às costas, montanha acima, para saber que quando chegamos ao topo temos de começar tudo de novo.<br />Nunca esquecer a proveniência porque essa tomada de consciência enquadra o sucesso.<br />No fundo, no dia em que eu próprio faço anos quero dar os parabéns ao Obama por ter sacudido o pó da esperança de muita gente globo fora.<br />A abertura de uma nova caixa de pandora. O que será que descansa no seu fundo?Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-33419386549397898262008-11-05T22:42:00.001+00:002008-11-05T22:44:00.628+00:00Fecho às 2 a.mMais uma facada no espírito e alma do bairro alto.Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-12748620203148230742008-11-04T15:25:00.001+00:002008-11-04T15:27:00.503+00:00Fé #2Alguém disse que a fé é masturbatória.<br />Eu completo: se a fé é masturbatória o extâse religioso é uma ejaculação precoce.Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-10037939339365096432008-11-03T17:15:00.000+00:002008-11-03T17:17:24.396+00:00O caminho faz-se caminhandoQuem caminha precisa de saber onde está para poder usar um mapa.Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-44545558651002071792008-11-01T21:01:00.005+00:002008-11-03T17:18:52.824+00:00A calma redonda<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnlJpUJ4LbI40tOfL6Y76mofDqEm6nkDI1jtTKkoSvHlzr94lWeb_ByOLeavtwJEkRSS7nN4TiBwOrr2EYYZvQ30jxF42qqibtgt8UNAxUuB2EBARzmWFyTYWgNLjgM1Byidggi5ecDxo/s1600-h/40.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 285px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnlJpUJ4LbI40tOfL6Y76mofDqEm6nkDI1jtTKkoSvHlzr94lWeb_ByOLeavtwJEkRSS7nN4TiBwOrr2EYYZvQ30jxF42qqibtgt8UNAxUuB2EBARzmWFyTYWgNLjgM1Byidggi5ecDxo/s320/40.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5263797256857875362" border="0" /></a><br /><br />Imagem: Rupprecht GeigerPaulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-2936026898510835462008-10-31T19:02:00.002+00:002008-10-31T19:03:23.549+00:00FéA fé é a capacidade de por o Tao em movimento, de saber que existe um big bang pessoal à espera de acontecer.Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-39620073168003882302008-10-27T13:42:00.009+00:002008-10-28T20:40:58.418+00:00SeresLantejoulas e lentilhas perdem o sentido quando afastadas do grupo onde se inserem naturalmente, as suas irmãs que em quase nada diferem delas. Formigas e térmitas ganham um novo sentido enquanto contemplamos as suas criações que arranham os céus rentes ao solo. O feijão é responsável por um reino onde habita um gigante indolente, lançando um pé por onde qualquer um de nós pode trepar. É mágico, sonha e tem esse potencial todo dentro de um indivíduo feijão. Os seres humanos perdem-se na multidão a que chamamos de rebanho e ganham sentido quando exaltados ao abrigo de um conjunto de pessoas habitantes da mesma região, com os mesmos formatos. O que quer isto dizer? que não faz sentido dizer lantejoula, porque ela deixa de o ser se estiver sozinha. Passa automaticamente a ser um berloque ou outra coisa qualquer. Não faz sentido dizer lentilha, porque ela perde todo o seu valor estético e nutritivo, passando a ser um lentilha orfã. Que faz sentido dizer formiga, porque muitas vezes avistamo-las a vaguear sozinhas, mas sempre com a sensação que o grupo estará mais perto ou mais longe, definitivamente presente. Que não faz sentido dizer homem, porque homem é, ao mesmo tempo, sinónimo de solidão e imersão num grupo mais vasto. Ainda procuramos a melhor forma de nos caracterizar. Ou lantejoulas ou formigas ou ambas ou nenhuma. Talvez feijão dentro de um saco de feijões mágicos.Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-32361588674814074752008-10-24T10:26:00.005+00:002008-10-28T20:40:32.480+00:00Maior do que a vidaTodas as biografias de pessoas "maiores que a vida" e carismáticas o suficiente para levarem com elas todas as outras fazem-me sentir que carrego alguma omnipotência em vão. Porque para ser maior do que a vida é preciso olhá-la nos olhos e dizer directamente que ela não nos mete medo.<br />É preciso atropelá-la para que ela nos doa e para que possamos ser mártires da nossa própria luta autofágica. Tudo para que no final ela esteja ali, sentada ao nosso lado, exausta por ter fracassado em derrotar-nos.Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-83063837947919860552008-10-20T14:34:00.002+00:002008-10-20T14:38:42.452+00:00PensarE hoje recuperei a vontade de ler de forma despreocupada e sorridente Vergilio. Sim, Ferreira como a pausa que se adivinha num cálice de Porto com o mesmo nome solene. Num acesso de pensar, folheei algumas páginas e eis que me deparo com uma frase de caractér seminal:<br /><br />" Não defendo a tristeza. Não defendo a alegria. São ambas o acne juvenil, mesmo quando se é adulto. Há um lugar que fica à mesma distância uma da outra. Mas muito mais acima ou muito mais abaixo. Não sei como se chama. Ou já o esqueci."<br /><br /><br />Excerto de "Pensar" de Vergílio FerreiraPaulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-16220794636397885432008-10-13T20:32:00.003+00:002008-10-13T20:34:27.551+00:00Um Semáforo em ruínas" (...) Adivinho-te o nome; ficas a meio caminho do alfabeto, virando à esquerda…<br />Procuras semáforos em ruínas, catatónicos… deles não se tem a certeza de respirar à tua passagem; firme, mas silenciosamente, exiges minutos escancarados de espanto… assumes uma inquieta forma de posar; um pé distante do outro, um corpo distinto dos demais, uma aparência bem ensaiada, um disforme sentido de humor…<br />Sempre que pousas em mim, a máquina reveste-se de formigas soldado…suavizas a engrenagem, susbstituis peças danificadas por outras gerontes, talvez de meia idade… o seu peso encolhe a minha sanidade; a tua emerge de um banho reparador em àguas cálidas… o ruído amplifica a tua presença, faz campanha nas bocas que te elegem abertas…<br />Todas as vezes que pouso em ti, tu já não estás… perdes-te no meio da névoa embevecida de sonhos fugitivos, na cortina transparente de corpos derrotados, cabisbaixos, que nem sequer ousam perturbar o teu momento triunfante, enquanto palestras sobre prevenção rodoviária decorrem num qualquer canto burocrático, ignorante da tua existência…"<br /><br /><br />Texto: Excerto de "Semáforos e Ruínas" de Paulo DiasPaulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-82973492747442877602008-09-29T14:53:00.001+00:002008-09-29T15:01:15.717+00:00Conspiração?Este mundo à beira do colapso é, como sempre, uma estória mal contada. Já contada várias vezes e semelhante nas suas falências e fusões. A mim cheira-me a conspiração. E a vocês?Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-64229161567881940792008-09-18T21:08:00.010+00:002008-09-18T21:26:01.286+00:00Gotas revolucionárias de café quente<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaoT0NmK-kviw861-Wkq7enWgrChfg095oJ8CxJLPOOxsNN_RJd1EZ1Y5HqeCcESfhI9mANaXd7cCtY1hs4cCnuVB8yQsbyaypBoeGe4U2bfIHM2YV-df-YNj4WFupo-3HyFcB3k6Tv6k/s1600-h/Emil+Nolde,+Alemanha+%281867-1956%29,+Paar+im+Caf%C3%A9+1910-11.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 315px; height: 404px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaoT0NmK-kviw861-Wkq7enWgrChfg095oJ8CxJLPOOxsNN_RJd1EZ1Y5HqeCcESfhI9mANaXd7cCtY1hs4cCnuVB8yQsbyaypBoeGe4U2bfIHM2YV-df-YNj4WFupo-3HyFcB3k6Tv6k/s320/Emil+Nolde,+Alemanha+%281867-1956%29,+Paar+im+Caf%C3%A9+1910-11.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5247474097792218338" border="0" /></a><br /><br />" (...) O desconhecido observa as redondezas e escolhe um lugar para se sentar…<br />Os nossos olhos encontram-se a meio caminho da sala e detêm-se por instantes…parece ter escolhido vir na minha direcção… pergunta-me se está disponivel o assento, ao que eu respondo afirmativamente… estava, de facto, curioso para mergulhar na sua proveniência…<br />Por momentos ficamos em silêncio, à semelhança de toda a sala que nos observa, suspensa de todas as suas actividades…o relógio de parede hesita por uns segundos, sem saber como imprimir ritmo aos ponteiros também imóveis…penso em recortar o ambiente à nossa volta, em isolá-lo, mas tenho medo de modificar toda a envolvente que permeia este momento …<br />Resvalamos nos encostos destas cadeiras frias e eis que surge a primeira palavra: ele pergunta-me se o café aqui servido possui instintos revolucionários… Confesso que fiz um esforço tremendo para tentar perceber aquilo que ele estava a dizer; tudo o que consegui articular foi uma expressão de incredulidade tal que ele não conteve um sorriso…<br />Pedi-lhe delicadamente que me mostrasse como é que uma simples chavena de café poderia conter instintos revolucionários, como é que poderia orquestrar revoltas contra o estado das coisas e mobilizar as pessoas nesse sentido… foi o ponto de partida para a conversa mais bizarra que alguma vez tinha mantido com um estranho… começou por dizer que não estava ali de corpo inteiro, que naquele momento era um fragmento dele próprio que interagia amenamente comigo… falou da forma como as gotas quentes se reúnem no fundo de recipientes, como insuspeitas aprendem a ler mentes humanas e a aperfeiçoar efeitos secundários, da forma inteligente como planeiam fugas insidiosas em tampos de mesas redondas das mais altas patentes… arrependi-me amargamente de não ter comigo o bloco de notas matinais para poder confrontar mais tarde a veracidade daquele momento.<br />Apesar da aparente surrealidade daquele ser e da estranheza causada pelo seu discurso delirante, era afável; a textura da sua voz era familiar; sim, igual a um dia de final de setembro, soalheiro mas com a nostalgia própria de fim de estação… combinava uma lufada de ar fresco com o mistério do dia de hoje (...)"<br /><br /><br />Texto: Excerto de "Uma breve história matinal" de Paulo Dias<br />Pintura: Emil Nolde (1867-1956)Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-83675105531141117102008-09-18T14:53:00.000+00:002008-09-18T14:54:41.816+00:00O mundoEstá vazio, fraco e em alguns sítios colado a cuspo.Paulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6950244486280917402.post-3850230663983688212008-09-17T21:54:00.003+00:002008-09-17T21:57:58.658+00:00Sobre o Deus que não se sabe se existe"... se eu pudesse pelo menos reconhecê-lo e convidá-lo para uma conversa calma, falar de como estou longe de qualquer ideia triunfante encomendada para me entreter; poder questionar se algum dia ele pensou que a cortina de ilusão duraria para sempre e no caso da humanidade acordar, que tipo de estratégia alternativa tinha em mente… a ausência dele reveste-se, indecisa, de um significado nunca antes visto; o milagre da solidão que enquanto o diabo nos esfrega os olhos alastra e toma proporções consideráveis fez-me finalmente acordar para todo este véu enfumarado que separa os saudáveis fumadores da vida, os verdadeiros sábios que se vão matando aos poucos, voluntáriamente e apesar de todos os avisos, dos outros que pensam que a abstinência potável e a conformidade às regras pré-existentes é a melhor droga ( que a paz esteja com ele+s)…"<br /><br /><br />Texto: Excerto de "A cortina de fumo" de Paulo DiasPaulo Diashttp://www.blogger.com/profile/04250733736717492248noreply@blogger.com0