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As lágrimas que antes inundavam libertaram-se das emoções que nelas habitavam. São agora marcas no meu rosto, fatias de expressão, como registos fósseis de vidas extintas, pó acumulado e estratificado nas rugas que lentamente despertam. As mesmas águas que escorriam em queda livre dos meus olhos deram lugar a um deserto àrido e à especulação imobiliária. Disseram-me a correr que no lugar onde elas geravam vida vêm agora vidas morrer, enxugando-as com o calor do vazio que acumulam.
Sou, portanto, e à falta de melhor, mais uma vítima do aquecimento global.
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