quarta-feira, junho 20, 2007


E claro, nas mondas em terreno estéril, vem ao de cima o que está armazenado...estou de visita ao celeiro da abundância, onde guardo as provisões de insanidade mental...aqui vai o trigo já devidamente separado do joio:


"A verdadeira tragédia que me tira as medidas é aquela que é invisível para toda a gente que não me sente, que pensa que eu sou o mais habitável dos mundos, que a aparência exteriorizada é isenta de querelas internas e flutua, plasmática e balsâmica acima de todas as suspeitas e agressões… pois bem, têm aqui o meu manifesto de sofrimento; o que é imaterial e exibe em mim o seu mais profundo requinte… ainda bem que o abandono é sempre uma opção; não sei o que seria se o criador (?) não tivesse inventado teclas de escape e covas profundas no cimo de montanhas cónicas… se eu pudesse pelo menos reconhecê-lo e convidá-lo para uma conversa calma, falar de como estou longe de qualquer ideia triunfante encomendada para me entreter; poder questionar se algum dia ele pensou que a cortina de ilusão duraria para sempre e no caso da humanidade acordar, que tipo de estratégia alternativa tinha em mente..."



Imagem: Erich Heckel
Texto: Excerto de " A cortina de fumo " de Paulo Dias

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