quarta-feira, agosto 29, 2007
O queixume #2
E que fique bem claro que às vezes dou por mim a ter este tipo de comportamento tão português. Não sou imune a ele, mas também não sacudo a àgua do capote. Dou a César o que é de César.
O queixume
O queixume vem no topo da lista da desresponsabilização. Toda a gente que se queixa e passa uma ideia errónea aos demais, que ficam com a imagem de que aquela pessoa até faz qualquer coisa para que as coisas sejam diferentes, mas que na hora h uma qualquer força poderosa intervém e deixa tudo como estava antes. Detesto pessoas que se alimentam da sua própria inércia, como se já tivessem tentado tudo o que está ao seu alcance e mesmo assim nada é suficiente. Detesto pessoas que pensam que toda a gente lhes deve qualquer coisa e que não fazem nada de mal. Detesto vítimas, passivas-agressivas que só têm palavras amargas para debitar aos outros para coalhar a sua frustração, esquecendo as pequenas opções que fazem todos os dias e que as transportam até ao sítio onde se encontram. O queixume é a melhor forma de ganhar aliados numa batalha que está perdida à nascença. O queixume é não saber nada sobre o que move realmente este mundo, que apesar das amarras, devolve o investimento que nele fazemos.
Uma questão pertinente: a nossa mente está ou não programada para ver e absorver o que nos acontece de forma a que o sofrimento seja menor? Ou as pessoas que simplesmente não vêm o que se passa com a objectividade necessária recusam a realidade para poderem ser menos infelizes? Porque existem coisas simples que saltam à vista. As pessoas são sempre responsáveis pelo o que lhes acontece, mesmo que queiram imputar essa responsabilidade aos outros. Quem não age não se pode queixar. Não agir é uma forma de acção consciente. O resto é desresponsabilização.
sábado, agosto 18, 2007
sexta-feira, agosto 17, 2007
Ainda sobre o pré-conceito que existe na sociedade portuguesa sobre certos assuntos e que não faz sentido nenhum. Porquê que existe tolerância zero à condução sobre o efeito de estupefacientes e o mesmo não se verifica em relação ao àlcool, que é responsável por centenas de acidentes por ano? Tudo se resume à falta de um debate sério sobre cada uma das substâncias. Não faz sentido existir tolerância zero para substâncias que têm o mesmo nível de perigo para a condução que o alcool, ou talvez ainda menos. Desmistifiquemos o àlcool e aí estaremos no caminho de uma verdadeira politica de prevenção rodoviária.
quinta-feira, agosto 16, 2007
Tabaco vs Alcool
Acho piada às pessoas que defendem os benefícios do álcool como se estivessem a usá-lo para fins medicinais. E depois vêm dizer que o tabaco faz mal e o álcool faz bem. Pois bem, para mim é tudo apenas uma questão de perspectiva. Se nos concentrarmos apenas nos maleficios de uma substãncia e nos benefícios de outra estamos a condicionar o debate. Vi um estudo que defende que o tabaco ajuda a prevenir a Doença de Parkinson. Vi outro que defende que o álcool faz bem às artérias e tem propriedades anti-oxidantes. Tudo isto deve ser relativizado. Em excesso, o álcool não tem benefícios nenhuns, assim como o tabaco. Por isso já é tempo de deixarmos de ser hipócritas e extremistas e respeitarmos os vícios e hábitos de cada um sem tentarmos por numa redoma filosófica o porquê do nosso consumo. Duvido que alguém quando vá sair à noite beba um copo a pensar nas suas propriedades anti-oxidantes e que alguém fume um cigarro com o intuito de prevenir o aparecimento de Parkinson. É tudo uma questão do que nos dá prazer ou não. E este debate anti tabaco está viciado à partida, é uma espécie de fascismo silencioso. Vivam e deixem os outros viver.
domingo, agosto 12, 2007
Sobre o entusiasmo: A vida quando é vivida no seu limite pode ou não ter um aspecto de entusiasmo.. apesar de se confundir com isso. A Adrenalina é o motor de tudo, e também do entusiasmo. Quando ela escasseia procuram-se substitutos. E quando eles deixam de funcionar entra a dependência...e a dependência é a cola que une a sociedade num grande abraço.
terça-feira, agosto 07, 2007
Hoje comecei o dia com a sensação que às vezes o mundo abandona toda a forma de comunicação que não seja partilhada por uma imensa maioria, cospe as pessoas que não têm a habilidade natural de persuadir outras a fazer o que elas querem. São coisas com as quais não gosto de conviver, mesmo que por vezes pareça que faço naturalmente parte desse grupo de elite. Mas não, cada vez é mais evidente que não faço parte. E por isso sou criticado por não comungar de rituais linguisticos semelhantes, de estratégias aprendidas por todos, diferenciadas apenas por filtros que se querem diferentes em nome da ilusão da individualidade. Sabem que mais? Eu não sou como os outros, não partilho dos seus sorrisos e não estou minimamente interessado em sorrir. Sou assim, quem está está e quem não está não faz falta.
segunda-feira, agosto 06, 2007
Foi exactamente a 6 de agosto de 1945 que se ficou a conhecer o poder da destruição e da vingança que vagueia em nós. Nada disto tinha sido feito até à data e de repente o mundo percebe que o homem tem o poder suficiente para se auto destruir numa questão de segundos. Aí está o tempo outra vez, quanto mais rápido mais eficaz. Acabávamos de entrar na era nuclear. E desde de então ainda estamos relutantes em sair dela.
Depois desta explosão, morrem 140 mil pessoas. Apenas nos primeiros segundos. Devastador, e perpetuado pelos defensores da liberdade e da democracia, os mesmos que vão atrás dos outros países que supostamente têm estas armas, com guerras preventivas. Esquecem-se que os únicos a usar esta arma de destruição maciça até hoje foram eles. Um dia marcado pela vergonha. Para finalizar, um relato de uma das sobreviventes do massacre:
" Quando a bomba veio vi um clarão amarelo e fiquei rodeada pela escuridão. Um edifício de madeira com dois andares que era a minha casa com oito quartos ficou feito em pedaços e cobriu-me.
Quando vim a mim estava tudo negro como breu à minha volta. Tentei levantar-me mas tinha uma perna partida. Tentei falar mas vi que tinha partido seis dentes. Quando reparei que tinha a cara e as costas queimadas, que tinha um corte que ia do ombro até à cintura, rastejei até à margem do rio e quando lá cheguei vi centenas de corpos a boiar. Foi aí que percebi, chocada, que tinham atingido toda a cidade de Hiroshima.
Encontrei uma fila infindável de refugiados todos sem qualquer peça de roupa no corpo e a pele da cara, dos braços e do peito fora arrancada e estava pendurada e, contudo, eles não tinham qualquer expressão. Fugiam em silêncio profundo. Achei que era uma procissão de fantasmas. "
Época de verão. Tudo se torna lento, vagaroso. É o nosso próprio ritmo circadiano que nos impele à letargia, à acomodação ao calor. Como tudo o que é feito nesta vida tem uma componente tempo, agora é tempo de deixar o meu cérebro a descansar. Irei postar nas próximas semanas apenas imagens para posterior reflexão, tentando fazer com que elas descrevam solenemente o dia em que se encontram.
quarta-feira, agosto 01, 2007
Assim de repente o cinema europeu perde duas das suas maiores referências. Michaelangelo Antonioni também nos abandonou com a idade de 94 anos. Consta que morreu em casa. Pelo menos tiveram os dois mortes aparentemente tranquilas. Para mim isto é sinónimo de legado cumprido. Descansem em paz.
Imagem: Blow Up
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