segunda-feira, outubro 08, 2007


Aqui sentado todas as coisas que fiz parecem mais longe, ficam com um aspecto diferente. Todas as vezes que não valorizei as atitudes de pessoas que gostavam de mim e que me respeitavam sem eu saber; elas pareceram-me sempre falsas, irreais. Divido sempre as pessoas em boas ou más, nunca existe uma noção equilibrada de quem elas são na realidade. Tudo o que acontece comigo também é catalogado da mesma maneira, eu sou totalmente bom ou totalmente mau. O mundo é assim, naturalmente clivado, naturalmente desequilibrado, sem uma perspectiva integrativa das coisas e pessoas. Ando a tentar resolver esta situação, a tentar ganhar um pouco mais de equilibrio e respeitar as pessoas, dando-lhes mais poder na minha vida e retirando-me a mim próprio desse processo tão controlador como árido. Existe sempre uma travessia do deserto, é um arquétipo da existência humana, o calor e desespero que se sente quando se está sozinho e à mercê da intempérie. Sinto que estou em plena canícula diurna e pronto para receber de volta toda a negligência que tive durante todos estes anos. É altura de sair desta amálgama involutiva em que tornei. É altura de usar a força que tenho para me deixar ir. Já vivi o suficiente para saber como curar as minhas feridas. Estou pronto e sem medo.

1 comentário:

Unknown disse...

P. tu és a pessoa mais integrante e compreensiva que eu alguma vez conheci... tu evitas as clivagens e a desconfiança, ves as pessoas pela luz que transmitem, és puro e vês a pureza nos outros. Não te esqueças disso... beijinhos com saudades em cima...