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Aqui sentado todas as coisas que fiz parecem mais longe, ficam com um aspecto diferente. Todas as vezes que não valorizei as atitudes de pessoas que gostavam de mim e que me respeitavam sem eu saber; elas pareceram-me sempre falsas, irreais. Divido sempre as pessoas em boas ou más, nunca existe uma noção equilibrada de quem elas são na realidade. Tudo o que acontece comigo também é catalogado da mesma maneira, eu sou totalmente bom ou totalmente mau. O mundo é assim, naturalmente clivado, naturalmente desequilibrado, sem uma perspectiva integrativa das coisas e pessoas. Ando a tentar resolver esta situação, a tentar ganhar um pouco mais de equilibrio e respeitar as pessoas, dando-lhes mais poder na minha vida e retirando-me a mim próprio desse processo tão controlador como árido. Existe sempre uma travessia do deserto, é um arquétipo da existência humana, o calor e desespero que se sente quando se está sozinho e à mercê da intempérie. Sinto que estou em plena canícula diurna e pronto para receber de volta toda a negligência que tive durante todos estes anos. É altura de sair desta amálgama involutiva em que tornei. É altura de usar a força que tenho para me deixar ir. Já vivi o suficiente para saber como curar as minhas feridas. Estou pronto e sem medo.
1 comentário:
P. tu és a pessoa mais integrante e compreensiva que eu alguma vez conheci... tu evitas as clivagens e a desconfiança, ves as pessoas pela luz que transmitem, és puro e vês a pureza nos outros. Não te esqueças disso... beijinhos com saudades em cima...
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