segunda-feira, novembro 10, 2008

Sono pesado

" Vamos a correr até lá fora, o som de aspiração mais audível. Chego primeiro, como o rato da boda célebre. Dois carros, melhor, dois veículos que deslizam sem dificuldade, mas instáveis, fazem barulho. Muito barulho. São hoovercrafts, hibrídos, suaves, aspirantes a ex-aspiradores. Sobem e descem colinas urbanas instaladas no quintal verde, um pouco artificais. Sobem e descem. E os meus olhos acompanham os demais. Sentimos o entusiasmo dos corredores. Estão felizes, têm um brinquedo novo e divertem-se. E eu também. Quero estar ali, com eles, gozar, voar sem sair do chão, sorrir, ser voraz sem parecer mal, condenável. Afinal é uma corrida, tem bandeiras de xadrez e pessoas facciosas. Nesse mesmo instante viro-me para o outro lado e estou à beira de uma piscina, numa montanha russa semelhante a todas aquelas onde nunca tive coragem de andar e sou ovacionado pela multidão calorosa. A plataforma ergue-se a uns bons trinta metros de altura e quem cair irá concerteza acordar do seu sono pesado"


Texto:"Excerto de um dos sonhos de hoje" de Paulo Dias

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