" (...) bem, a questão importante é saber por onde começar, qual o ponto de partida do sofrimento que é instantâneo e que só tarde e fora de horas aprendemos a transmutar…posso dissertar sobre o tipo de ferramentas que nos é fornecida por esta sociedade interrompida, volátil; que tipo de importância tem o ser adulto ou maduro, se com isso matamos o único ser a que conseguimos dar luz, a criança residente, que pura e simplesmente se perde no meio do processo? Ser adulto, no fundo, é sentir cada vez mais intermitente esta criança que um dia se apoderou de nós, do nosso sorriso, da nossa espontaneidade e que alimentava a inocência de todos os que, deliciados, se reuniam à volta dela… e é por isso que as pessoas procriam, têm filhos, crianças, para a poderem sentir de novo, para terem a certeza que ela está bem e que podem aconchegá-la no sono enquanto couber no berço ilusório da idade dourada (...) "
Texto: Excerto de " A cortina de fumo "
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