terça-feira, junho 26, 2007



" (...) O milagre da solidão que enquanto o diabo nos esfrega os olhos alastra e toma proporções consideráveis fez-me finalmente acordar para todo este véu enfumarado que separa os saudáveis fumadores da vida, os verdadeiros sábios que se vão matando aos poucos, voluntáriamente e apesar de todos os avisos, dos outros que pensam que a abstinência potável e a conformidade às regras pré-existentes é a melhor droga ( que a paz esteja com ele+s)… dá-me vontade de rir de quem tem a pretensão de ter o destino nas mãos, ainda por cima sentindo a tentação alarmante de evangelizar o mundo à beira do colapso… não tenho dúvidas; a queda iniciou-se a partir do momento em que ganhámos a capacidade craniana para duvidar de nós próprios, a partir do momento em que pudemos observar o nosso comportamento a ser engolido por normas atávicas, oriundas não sei de que conhecimento ancestral, e que origina as regras do jogo; que não é mais do que uma forma de ele próprio ( o criador ) encontrar um sentido para existir, de ter consciência individual (…) "



Texto: Excerto de " A cortina de fumo " de Paulo Dias

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