quarta-feira, junho 06, 2007



( Esta imagem magnífica de uma mulher prostrada de costas abandonada à sua sensualidade merece um escrito: )



" (...) Leito de brasas crepitantes, pirómanas, incandescentes
abandonadas à sua sorte ao redor de seres inflamáveis, consumidos pela tua voracidade estridente
deflagras no corpo doente, corrompido…
por vezes desbotado ausente oriundo da névoa húmida embriagada
de vez em quando feixe de luz irremediável, contente
criança de encontro ao vento, deslizante…

Também e sempre barco revolto a bordo da intempérie,
galgando o infinito dos líquidos emancipados,
trazes à proa palavras há muito encarceradas,
és casca pertinente das frases poéticas por ti lançadas…

Mas como jorras gotas ambivalentes,
foste apanhado em flagrante nas redes de pesca amarguradas do meu litoral…
por seres tão antigo, nomeio-te aspecto de importância arquelógica
e embargo as obras de demolição que se amotinam à tua volta…
dou contas da tua localização em mim nas revistas e publicações
da especialidade e baptizo-te com o nome de desejo(…) "





( Esta imagem magnífica de uma mulher prostrada de costas abandonada à sua sensualidade merece o silêncio. )







Texto: Paulo Dias ( tirado do texto " A Inclinação do Desejo" )