terça-feira, junho 05, 2007

Sozinhos



Ao contrário do que pensa o senso comum, a solidão nada tem de egoísta. É, pelo contrário, o retorno à matriz, à origem, o caminho de regresso para o bem comum. É altruísmo disfarçado de egoísmo. Só através do retorno a nós próprios, ao nosso sentir, às barbas do pensamento abandonadas é que podemos suportar o que a vida tem de combate.
A solidão não é uma saída de emergência, é a emergência da saída. É a certeza absoluta que, por mais que a gente não queira, seremos no fim sempre nós. E agora voltando às lições da morte, é por isso que somos homenageados quando morremos; mas, na minha opinião, as lágrimas deviam ser substituídas por cânticos de incentivo. É o caminho de regresso sem ninguém para nos dar a mão. Por isso inicio desde já esse processo... e na hora da minha morte quero uma salva de palmas, por ter chegado tão longe sozinho.
Mas não pensem que com isto abdico da presença dos outros...



e agora uma frase que não é minha:


"O homem só se torna autêntico quando aceita a solidão como o preço da sua própria liberdade. E torna-se inautêntico quando interpreta a solidão como abandono, como uma espécie de desconsideração de Deus ou da vida em relação a ele. Desse modo não assume a responsabilidade sobre as suas escolhas. Não aceita correr riscos para atingir seus objetivos, nem se sente responsável pela sua existência, passando a buscar amparo e segurança nos outros. Com isso abdica da sua própria existência, tornando-se um estranho para si mesmo, colocando-se ao serviço dos outros e diluindo-se no impessoal. Permanece na vida sendo um coadjuvante da sua própria história."



Imagem: Prédio de habitação em S.Paulo, Brasil

1 comentário:

CN disse...

Acho fantástica esta foto.
1 beijo