quinta-feira, setembro 27, 2007
Contra factos...
Fico surpreendido pela quantidade de pessoas que opinam ser fundamentarem devidamente as suas opiniões. Falam com propriedade de coisas que ouvem em segunda mão e não se preocupam se estão a falar com base em factos ou em argumentos falaciosos. Contra factos não há argumentos, e as opiniões deviam destapar o véu da subjectividade com base, sempre que possivel, em factos. Quando isto não acontece entramos em terrenos pantanosos, o universo dos lideres de opinião que, por terem um lugar de destaque, levam as pessoas a confundir as suas opiniões com a verdade. É preciso ter cuidado com o que se diz, mesmo que seja o mais inocente possivel.
Imagem: René Magritte (1898-1967)
terça-feira, setembro 25, 2007
Moinhos de vento
segunda-feira, setembro 24, 2007
domingo, setembro 23, 2007
sábado, setembro 22, 2007
É um conforto saber que ainda existem e resistem algumas pessoas honestas neste mundo, que encontram carteiras com 400 euros e devolvem-nas, sem sequer espreitar o seu conteúdo, ou mesmo espreitando, conseguem resistir à tentação e ser altruístas. Uma verdadeira lição de civismo. Um exemplo taxativo de que o mundo afinal ainda comporta uma parcela de mudança importante, que se vislumbra nestes pequenos gestos com grande significado. A todos estes anónimos...Bem-Haja.
Imagem: Enki Bilal
Ontem fui ao Kubik...e adivinhem...desilusão.
Muito fraquinho, tanto o espaço como a noite.
Ás vezes tenho a sensação que andam a brincar connosco.
10 euros secos. Exploração máxima.
Periférico. Nada fresco, nada estimulante. Pobre. Podre.
Precisamos de muito melhor.
Só o rio é que continua a valer a pena, esse nunca desilude. Nem os despertares alaranjados por cima dele.
sexta-feira, setembro 21, 2007
Existem frases que são maiores do quem as escreve, como se traduzissem em letras todo o propósito de uma vida terrestre, como se aquele arranjo e combinação de letras em palavras e de palavras em frases fosse uma sublime obra de arte, com a qual toda a humanidade se pode relacionar, precisamente por estar resumida nelas. Encontrei várias, mas uma fez imediatamente sentido, não só por ser um provérbio e desde logo estar inscrito no nosso inconsciente colecivo, encontrando correspondência em todas as culturas, mas também porque a sua simplicidade rasgou um sorriso na minha face. Aliás, foram três, uma fez-me mesmo rir e a outra atirou-me ao tapete:
"É melhor acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão" - Provérbio Chinês
Este fez-me sorrir.
"Um homem nunca está liquidado até ser enforcado" - William Shakespeare
Esta frase fez-me rir...
"No final não nos lembramos das palavras dos nossos inimigos, mas sim do silêncio dos nossos amigos" - Martin Luther King
Esta deixou-me pensativo. Muito forte.
quinta-feira, setembro 20, 2007
Sempre ouvi dizer que uma coisa quando está no seu apogeu transforma-se em outra.
Segundo o Tao, quando o Yin atinge o seu apogeu transforma-se em Yang e vice versa. Quer isto dizer que quando atingir o máximo da profundidade de sentimentos e de introspecção atingo a iluminação subjacente a Yang? E a overdose? Será apogeu? E o egoísmo? será apogeu? Neste sentido se a humanidade continuar neste caminho de destruição não terá outra alternativa senão parar e mudar de estado de consciência. Espero que isto seja mesmo verdade, tanto em termos individuais como colectivos. E, acima de tudo, lá no fundo, segundo o Tao, eu sei que isto é verdade, porque eu próprio já sou transformação, movimento e potencial.
" (..) procuro então por ti, revigorado que estou
depois de mais uma vaga de pensamentos paraquedistas;
folheio o teu cabelo que esvoaça nas abobadas mais altas da minha memória
e esgueiro-me a coberto do silêncio, preso às patas de uma pomba treinada
para se fazer anunciar suavemente, na esperança de a tua janela estar ainda em aberto…"
Texto: Excerto de "Desencontros 2" de Paulo Dias
Pintura: Egon Schiele ( 1890-1918 )
A vontade que eu tenho de transformar estes pés numa estória que seja digna de alguém que corre por gosto e mesmo assim não se cansa, nem sequer discute. Como eu gostaria às vezes de ter pés lisos e espalmados, sem mais nenhuma função do que caminhar. Como gostaria eu de os envolver em preces e devotá-los a uma causa religiosa qualquer, sem congregações de fiéis dissonantes nem cãnticos arautos de dias que se já se avizinham no horizonte. Como eu gostaria que os meus pés fossem só meus e não estivessem presos a essa panela de indecisões que convencionámos chamar de cérebro.
Como eu gostava de olhar para esta imagem e ver imediatamente qualquer outra coisa para além dos pés que lá estão. Como eu gostaria de me chamar de abstracção...Como eu gostaria que os meus pés se emoldurassem a eles próprios e viajassem pelo mundo dos museus atrelados a mim.
quarta-feira, setembro 19, 2007
A indepedência consiste num estrada bifurcada que assusta, precisamente porque é a confirmação primordial que estamos aqui por nossa conta e risco, e que apesar de estarmos rodeados de pessoas que gostam de nós e nos nutrem, tudo o que passamos e sentimos é incomunicável. A independência comporta um factor de solidão germinante. A independência não é o mesmo que maturidade, é apenas o seu primeiro desajeitado passo. É a inevitabilidade com um andar apressado. Como o fundo de um copo de absinto, verde como a sua própria mitologia.
terça-feira, setembro 18, 2007
Dai-me uma jovem mulher com sua harpa de sombra e seu arbusto de sangue.
Com ela encantarei a noite. Dai-me uma folha viva de erva, uma mulher. Seus ombros beijarei, a pedra pequena do sorriso de um momento. Mulher quase incriada, mas com a gravidade de dois seios, com o peso lúbrico e triste da boca. Seus ombros beijarei.
Cantar? Longamente
cantar,
Uma mulher com quem beber e morrer.
Quando fora se abrir o instinto da noite e uma ave
o atravessar trespassada por um grito marítimo
e o pão for invadido pelas ondas,
seu corpo arderá mansamente sob os meus olhos palpitantes
ele - imagem inacessível e casta de um certo pensamento
de alegria e de impudor.
Seu corpo
arderá para mim
sobre um lençol mordido por flores com água.
Ah! em cada mulher existe uma morte silenciosa;
e enquanto o dorso imagina, sob nossos dedos,
os bordões da melodia,
a morte sobe pelos dedos, navega o sangue,
desfaz-se em embriaguez dentro do coração faminto.
Texto: Herberto Hélder
segunda-feira, setembro 17, 2007
Um exemplo da estupidez que se apodera das pessoas que governam a cidade e só foi interrompida porque nos mexemos a tempo de o impedir. Mas, à semelhança destas aberrações, existem outras aberrações junior que proliferam pela cidade. O que quero dizer com isto? Temos de estar atentos a todos os elevadores e bandeiras gigantes de Portugal que são usadas como mijadinhas fora do penico, estratégias de imortalidade de quem não se sente à vontade com a perspectiva mais do que plausivel de virem a ser eliminados pela erosão da história..
#3
Este entardecer pode ser a abertura que necessitamos para podermos mudar. Ir embora é fácil, ficar e lutar é díficil. O caminho do meio é trabalhar com pessoas que vêm de fora e não têm os vícios de inactividade que nós temos. O entardecer é o abandono do dia e o mergulho na noite. Neste preciso momento nada se define, mas estão lançadas as sementes para um novo dia.
#2
A culpa é nossa. Somos nós que esvaziamos a cidade do seu conteúdo, somos nós que votamos em seres ignóbeis para nos governar, somos nós que não votamos em ninguém e nos deixamos governar, somos nós que assistimos na plateia à destruição diária do nosso património, somos nós que nada fazemos quando vemos prédios centenários a serem demolidos pela ganância dos seus proprietários, somos nós que construímos a pequenez de todo um povo e de toda uma forma de pensar, somos nós que não merecemos a cidade que temos. Se calhar foi Lisboa que nos abandonou, e deixou apenas a sua carcaça para que possamos continuar iludidos. Ela está ali, do outro lado, à espera que deixemos de estar à espera e que entremos de uma vez por todas na era da responsabilidade individual.
Sobre Lisboa
Estive a ver num blog que costumo visitar regularmente um post sobre Lisboa. Fala de todos os defeitos que brotam na cidade e dos seus habitantes, os famigerados lisboetas. Concordo com muito do que foi escrito e descrito, mas não pude evitar uma certa tristeza depois de ter reflectido a sério na coisa. Primeiro, será que somos assim tão podres aos olhos do resto do país, e que vivemos tão isolados e fechados sobre nós próprios? Será que a nossa cidade, que para mim é fantástica, com tudo o que isso tem de bom e de mau, está assim tão longe de ser o que ela é para mim? Será que não queremos ver o óbvio, que esta cidade é habitada por pessoas que aqui passam mas que não querem cá ficar? Será que o facto de ser uma cidade essencialmente de serviços a afunda em burocracias dispensáveis e paralizantes? O que se passa realmente? Nota-se uma certa paragem no desenvolvimento da cidade, é verdade. Nota-se uma estagnação pútrida e um grande deserto de ideias, é verdade. Mas o que fazer?
Ajudem-me a perceber e a intervir.
domingo, setembro 16, 2007
The Shock Doctrine
A conspiração dos tempos modernos. Mais uma peça do puzzle.
Realização: Alfonso Cuarón e Naomi Klein
sábado, setembro 15, 2007
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