quinta-feira, maio 22, 2008

Brent

Brent foi à procura de um carro hibrído. Volta já.
(No comments.)

terça-feira, maio 20, 2008

Doridas

O que me dói é a dor de não a ter
e de vez em quando a coisa é só por si
breve, rala, escovada.
Bem penteada, patenteada.
Com um travo félico de arranjo
turvo.

Mas nem toda a dor tem vestidos em segunda mão
às vezes aperalta-se e antecipa a estação
corre desenfreada pelo sorriso das montras
e cola-se às paredes como se estivesse em saldo.

A dor é consumista.
gasta-me de propósito, à semelhança do dinheiro
que oferece.
E depois troca-se por outra dor qualquer.

A dor é dependente dela, mas não é região autónoma
é apenas satélite bélico...

(to be continued)

O nome Brent

Quando lhe disseram que tinha nome de barril de petróleo e que estava em escalada, Brent sentiu um arrepio que lhe gelou a espinha e evaporou a sua forma displicente de estar. Decidiu estar mais atento ao que se passa no mundo e começou imediatamente a pesquisar as suas origens.
Brent já não pode evitar o mergulho na sociedade contemporânea. Agora está tudo demasiado evidente para passar ao lado.

Brent e a T.V.#2

Brent ficou sem televisão. Avariou-se por ser frágil e de uma espessura que não permite sonhar com a existência de seres que se movem lá dentro. Pela primeira vez Brent sente-se triste e excluído de alguma forma de um mundo que, além de irreal, é a sua única companhia.

quarta-feira, maio 14, 2008

Sistemas faliveis

System failure.
O nosso primeiro ministro aparentemente não sabia que era proibido fumar nos vôos charter.
As regras não são para todos, já todos nós sabemos.

terça-feira, maio 06, 2008

Autarcas


Eles partem tudo. E depois partem mais um bocado. E a seguir têm perdas de memória e agem como se nada fosse. Tudo em nome de um bem estar que só eles conseguem desfrutar.
E o resto do imaginário popular e de infância congela-se porque é assim decretado pelos autarcas.


Imagem: Feira Popular hoje em dia

segunda-feira, maio 05, 2008

Maio Lento Maio

Tinha sempre a sensação que o mês de Maio era uma espécie de tomada de fôlego do ano depois de uma corrida desenfreada dos 4 meses anteriores. O ano fazia uma pausa em Maio, dava-nos mais luz e mais tempo, mais cheiro para além dos seus 31 dias. Maio é um mês lento, quase tanto como Agosto, o mais lento de todos. Mas algo me diz que este mês de Maio vai ser o mais rápido dos últimos anos, até porque o ano já esqueceu como é que se trava e nem sabe abrandar.

Certezas não absolutas

Tenho quase a certeza que esta cor que estou a ver agora não passa de uma pálida tonalidade dela própria. Tenho quase a certeza que esta cor que vejo agora não é a cor que deveria estar a ver. Mas esta é a cor que vejo e ela não tem nome.
Tenho a certeza absoluta que se a descrevesse iriam discordar de mim. Tenho a certeza que se a maioria visse a mesma cor ela não seria a mesma cor. Tenho a certeza que se a maioria visse uma cor ligeiramente diferente, essa passaria a ser a cor que eu deveria estar a ver. Mas esta é a cor que eu vejo e ela não tem tonalidades. É simplesmente a cor que é.
Mesmo que se juntem e me tentem convencer do contrário, ela não muda a reboque das opiniões que se tem dela. A cor que eu vejo tem uma personalidade forte, simplesmente porque não se perde em detalhes.

A relevância do silêncio

Afinal o que é que as pessoas têm de tão relevante para dizer, a ponto de concluirem que já não há nada a dizer? Porque não o dizem simplesmente em vez de fabricar uma expectativa porventura interessante de terem algo importante para dizer? O que é o silêncio senão uma capa barulhenta na nossa representação do outro? Se têm algo a dizer digam, não nos deixem na expectativa. Agradecemos, pelo menos eu agradeço. E talvez o mundo agradeça.