segunda-feira, maio 28, 2007

a lua


Tenho-te ti, lua satélite natural, a olhar para mim, altaneira no céu pintado de fresco; interrogas-me sobre a tua pesada solidão...não sei, respondo, que fizeste tu para merecer essa prisão orbital que ainda por cima é contemplada e adorada sem teres a menor consciência. Será que sabes que todos falam contigo e que ninguém te ouve? E será que sabemos que falas através das marés e dos ciclos de 28 dias, que és mais lunar do que aparentas? Será que o simples facto de estarmos neste preciso momento a olhar um para o outro não aumenta o desconhecimento que nos separa?
às vezes visto-me de astronauta só para poder mergulhar na minha esperança gigante de poder comunicar o que sinto verdadeiramente, ouvir o teu ranger quando te moves e o teu murmurar de praia-mar. E descobrir finalmente onde escondes o teu pipo e quem é o velho de barbas cheio de folêgo que o enche por ti e quem fabrica o manto branco com que te vestes no final de um dia claro e de vermelho quando o sofrimento humano se tinge de pranto a pensar em ti.

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